Como o seu próprio nome sugere, a Hell Tattoo começou como um estúdio de tatuagens, em 2005. No entanto, em 2020, o empreendimento realizou uma transição completa, deixando de oferecer tatuagens para focar exclusivamente no serviço de remoção dos desenhos corporais.
Segundo o fundador, Giancarlo Pincelli, a empresa tem registrado um crescimento anual de cerca de 20%, o que inclusive motivou uma expansão. Além da matriz em Franco da Rocha (região metropolitana de São Paulo), a empresa inaugurou uma unidade em Cuiabá (MT) há um ano e outra em Goiânia (GO) em setembro deste ano. “Todas as unidades são próprias, e as equipes foram treinadas pessoalmente por mim”, diz Pincelli.
O empreendedor faz sucesso nas redes sociais com publicações que mostram imagens de “antes e depois” dos clientes — a empresa tem mais de 1 milhão de seguidores somados no Instagram e no TikTok. No YouTube são mais de 500 mil usuários inscritos no canal. “Nosso público é formado por pessoas de todo tipo, que vieram por meio de tráfego orgânico. Usamos as redes sociais para mostrar a realidade do processo e levar informações para que as pessoas busquem o serviço de maneira consciente. É um tratamento que leva tempo para mostrar resultado”, afirma o empreendedor. “É muito mais difícil remover uma tatuagem do que fazê-la. O laser quebra partículas de pigmento que o corpo vai absorvendo. Pode demandar muito tempo.”
Ele conta que utilizou a rescisão de seu último emprego em uma empresa de telefonia para inaugurar a Hell Tattoo, há quase 20 anos. “Não sei desenhar, mas tinha um amigo tatuador. Então eu entraria com o dinheiro e cuidaria da gestão. O negócio foi crescendo e cheguei a ter 12 tatuadores”, afirma. Porém, o empreendedor começou a ter dificuldades de lidar com os funcionários. “Em muitos casos, eles não apareciam para trabalhar ou levavam clientes para serem tatuados em suas casas, e não no estúdio. Comecei a repensar meu modelo de negócio”, diz Pincelli.
Observando os tatuadores, ele percebeu os desafios de cobrir tatuagens. “É muito difícil, especialmente quando é muito escura. “Às vezes, a tatuagem antiga continuava aparecendo por baixo, e os clientes ficavam frustrados”, afirma o empreendedor.
Ele começou a estudar como o laser poderia ser utilizado para este fim, e, em 2012, passou a oferecer o serviço de remoção de tatuagem. “Era um procedimento que dependia apenas de mim. Sempre trabalhei bastante, e queria atender quantas pessoas eu pudesse. Com isso o negócio foi crescendo”, afirma Pincelli, que optou por encerrar os serviços dos tatuadores no início de 2020.
Segundo o empreendedor, o crescimento ocorre conforme as pessoas aumentam a confiança no trabalho da empresa. “Investimos muito em tecnologia para oferecer um serviço de qualidade. Muitas pessoas vêm até nós com cicatrizes de outras tentativas de remoção, por terem sido atendidas por profissionais que utilizaram equipamentos inadequados ou sem manutenção”, afirma.
“Trabalhamos com a dor das pessoas porque uma tatuagem indesejada frustra muito a pessoa. Eu não sou a mesma pessoa de dez anos atrás, e a maioria das pessoas é assim. Com isso, muitas delas não se identificam mais com aqueles desenhos, por diversas questões. Remover essas tatuagens é uma forma de aumentar a autoestima”, afirma. A remoção de tatuagem corresponde a mais de 90% do faturamento do negócio. Hoje a Hell Tattoo também realiza remoção de micropigmentação de sobrancelha e clareamento de melasmas.
A meta do empreendedor é inaugurar unidades em mais lugares do Brasil para que mais pessoas tenham acesso ao serviço. “Já treinei pessoas e dei palestras por alguns anos, então, busco os alunos que se destacaram para abrir clínicas. Eu estruturo as clínicas e faço o investimento”, afirma. A previsão é inaugurar 10 unidades em 2025.
Pele sem tatuagem e avanço na tecnologia
Desde que surgiu em 2022, a Laser&Co oferece o serviço de remoção de tatuagem. Porém, nos últimos dois meses, teve um pico de 70% nas vendas. “Aumentamos o número de conversão porque as pessoas estão mais confiantes em fechar o serviço. Antes as pessoas iam até as unidades para perguntar, mas hoje eles já fazem contratação na hora”, diz Cristina Bohrer, fundadora do negócio. Dentro de todos os 18 serviços oferecidos pela empresa, a remoção de tatuagem corresponde entre 5% e 8% do faturamento.
A empreendedora enxerga alguns motivos para isso — desde a vontade de ter a pele com menos marcas até a confiança na tecnologia. “A tatuagem é muito popular em todas as idades e classes sociais, mas as pessoas também estão aderindo a uma tendência de limpeza corporal. Existe um grande interesse de pessoas com poucas tatuagens, como uma ou duas, que querem ficar com o corpo mais limpo. Pessoas que têm muitas tatuagens quase não nos procuram”, diz Bohrer, acrescentando que a clientela é formada por pessoas que se arrependem da tatuagem por diversos motivos — como qualidade ruim, pressão social ou rompimento de namoro ou amizade com uma pessoa homenageada.
Segundo a empreendedora, também foi realizado um trabalho de marketing para explicar que a empresa vai muito além de depilação a laser. Com isso, aparecem mais interessados em abrir franquias da marca. Hoje a empresa conta com 50 unidades, com expectativa de abrir mais 12 até o final do ano.
Por fim, ela diz que o avanço na tecnologia — que reduz a dor durante o tratamento dos clientes — também estimula a chegada de mais clientes. “Quando o laser quebra o pigmento gera o desconforto, em todas as organizações. Hoje usamos uma máquina que refrigera aquela parte da pele até menos de 30ºC, e alivia essa dor”, afirma.
Diversidade de serviço
A Maislaser by Ana Hickmann tem como carro-chefe o serviço de depilação a laser, hoje responsável por 70% do faturamento do negócio. No início de 2024, passou a ofertar 22 novos produtos, incluindo a remoção de tatuagem. “Com o surgimento de empresas de depilação, vimos a necessidade de agregar serviços ao nosso portfólio. Fizemos uma pesquisa e vimos que o Brasil tem a boa parte da população tatuada, ao mesmo tempo que existe muita busca pelo serviço de remoção”, afirma Wlamir Bello, sócio fundador da Maislaser by Ana Hickmann.
Atualmente, o serviço está disponível em 45% das cerca de 150 unidades. Remoção de tatuagem e de micropigmentação corresponde a 5% a 10% do faturamento.
“O nosso público ainda segue o perfil da depilação a laser, com a maioria é de mulheres entre 25 e 45 anos”, afirma o empreendedor. “Temos alguns picos de venda no ano, especialmente no inverno, em que as pessoas se expõem menos ao sol, e em novembro, devido à Black Friday.
O empreendedor enxerga potencial no crescimento do serviço. “É uma questão matemática. As pessoas estão se tatuando, às vezes, de maneira impulsiva e em estúdios de tatuagem que não são profissionais, e muitas delas vão querer removê-las no futuro”, afirma.